O câncer de ovário possui a maior taxa de mortalidade entre as neoplasias ginecológicas e seu diagnóstico normalmente ocorre em estadios avançados. O tratamento inclui a ressecção completa da doença seguido de seis ciclos de quimioterapia adjuvante. Naqueles casos em que o tumor não é passível de ressecção completa ou a paciente não apresenta condições clínicas para o procedimento, a opção é a realização de quimioterapia neoadjuvante (normalmente 3 a 4 ciclos) seguido de citorredução cirúrgica e complementação com quimioterapia adjuvante.
Embora as pacientes concluam o tratamento curativo, os índices de recaída da doença são elevados, sendo a superfície peritoneal o principal local de recidiva. O emprego de quimioterapia (cisplatina) na cavidade abdominal a uma temperatura média de 40oC durante a cirurgia, chamada de HIPEC (Hyperthermic Intraperitoneal Chemotherapy), aumenta sua capacidade de penetração na superfície peritoneal, além de induzir apoptose (morte celular programada) e aumentar a sensibilidade do tumor ao quimioterápico.
Trabalhos recentes mostraram que o uso da HIPEC associado ao procedimento cirúrgico aumentou as taxas de sobrevida global e livre de recorrência da doença quando comparadas à cirurgia isolada, tornando o procedimento combinado uma opção a ser considerada no tratamento dos tumores avançados, com boa tolerância e sem maior morbidade associada.