No dia 04 de fevereiro foi celebrado o dia mundial do câncer, data essa instituída pela União Internacional de Combate ao Câncer (UICC) desde 2005 e que, em 2019, vem com o lema: “Eu sou e eu vou” (#IamAndIWill), enfatizando uma necessidade urgente de ações com o intuito de detecção precoce do câncer, rastreamento e diagnóstico para melhorar as taxas de sobrevida dos pacientes. Essa campanha vem encorajando ações individuais, coletivas e governamentais na melhoria da consciência e acesso aos exames de detecção precoce, rastreamento e diagnóstico (www.worldcancerday.org).

Em 2018 houve mais de 18 milhões de novos casos diagnosticados de câncer, com quase 5 milhões de casos de câncer de mama, cólon e colo uterino que poderiam ser detectados em um estadiamento mais precoce. Além de maiores chances de cura, o diagnóstico precoce torna o tratamento menos complexo e oneroso, com melhores resultados de sobrevida e de qualidade de vida, além de devolver o paciente mais precocemente ao convívio social e à atividade profissional.

No geral, a grande maioria dos tumores podem ser rastreados e diagnosticados em fases precoces. Um exemplo é o câncer de colo uterino, em que a taxa de sobrevida em 5 anos nos estádios iniciais supera 90% e que, se diagnosticado em estádios avançados, a sobrevida em 5 anos não chega a 15%.

O diagnóstico precoce chega a custar 4 vezes menos que o tratamento da mesma neoplasia em estádios mais avançados, e estudos já mostraram que os exames de rastreamento, como colonoscopia, mamografia e citologias oncótica cervicovaginal são altamente custo-efetivos e poderiam evitar, juntamente com tratamento adequado, cerca de 3,7 milhões de mortes desnecessárias no mundo por ano.

As barreiras individuais são várias para a não realização de rastreamento ou diagnóstico precoce: idade, preconceito, vergonha, medo, falta de conscientização, crenças culturais e procura por outros métodos de tratamento dos sintomas suspeitos, causando atraso no diagnóstico.

No nível de sistema de saúde também enfrentamos obstáculos. A falta de preparo da atenção primária em relação aos sinais e sintomas de um possível câncer, dificuldade de acesso da população aos métodos de screnning, má qualidade dos exames e dificuldade de inserir o paciente na rede pública de saúde para tratamento após o diagnóstico, fazem com que os diagnósticos precoces e as taxas de sobrevidas reduzam de forma significativa.

No apelo do papel individual da campanha, faça a sua parte. Transforme seu compromisso e sua consciência em ação: adote hábitos de vida saudáveis (www.wcrf.org/dietandcancer/cancer-prevention-recommendations) e realize exames regulares de rastreamento. Só assim teremos uma chance real de prevenirmos o câncer e de melhorarmos nossas estatísticas de diagnóstico precoce.