O câncer de endométrio é o segundo tumor ginecológico mais incidente no Brasil, com 6.600 novos casos diagnosticados em 2018 e representando 3,3% das neoplasias na mulher. Apesar de frequentemente diagnosticado em estádios iniciais, a expectativa é de crescimento gradual da incidência ao longo dos próximos anos (GLOBOCAN, 2012).

Um editorial recentemente publicado por Paulino e colaboradores, alertou para um aumento relevante de casos de câncer de endométrio que o Brasil enfrentará nas próximas décadas, além de uma estrutura de saúde que precisa adaptar-se à demanda do tratamento.

Os principais fatores responsáveis por esse aumento são a obesidade crescente na população adulta e aumento da expectativa de vida. O percentual de mulheres adultas com obesidade e sobrepeso vem crescendo a cada ano, com perspectiva de alcançar 40% da população feminina nos próximos 5 anos. E por se tratar de uma doença da pós-menopausa na maioria dos casos, o envelhecimento da população faz com que esse número cresça.

Como não existem exames de rastreamento para o câncer de endométrio, as medidas preventivas são as melhores ferramentas para o combate: controle de peso, alimentação saudável e prática de atividade física.

Outro grande desafio é oferecer um tratamento adequado a essas pacientes. Mais de 70% da população brasileira utiliza o serviço de saúde pública, o que torna o acesso ao insuficiente número de profissionais capacitados em oncoginecologia e a limitados serviços especializados com estrutura de radioterapia e quimioterapia.  Um obstáculo real.

Recentemente a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica-SBCO iniciou a elaboração de um guideline para o tratamento do câncer de endométrio adaptado à nossa realidade de saúde, para que possamos, dentro da nossa capacidade, oferecer às pacientes o melhor manejo da doença.