Atualmente o mundo e o Brasil vivem um panorama epidemiológico preocupante com os elevados índices de sobrepeso e obesidade na população. No Brasil, o VIGITEL (2017), um projeto de vigilância de fatores de risco para doenças cardiovascular na população que mora nas capitais e distrito federal, indica que mais de 50% dos brasileiros têm excesso de peso. A obesidade é uma doença complexa, com muitas causas e importantes consequências sobre a saúde, sendo ligada ao desenvolvimento de várias doenças como o câncer. Importantes estudos mundiais apresentam a obesidade como promotora do desenvolvimento de 13 tipos diferentes de câncer. Entre as mulheres sobreviventes do câncer de mama e endométrio, por exemplo, aquelas que gerenciam o seu peso e não são diagnosticadas com a obesidade, risco de recidivar é de até 6.5 vezes menor quando comparadas com as que estão obesas.

A obesidade se caracteriza por aumento do peso, mas também por aumento na quantidade de gordura no corpo (tecido adiposo). E é esse tecido adiposo que favorece o desenvolvimento do câncer, pois ele traz consigo substâncias, como citocinas e adipocitocinas (produzidas exclusivamente pelo tecido adiposo) que deixam o corpo mais inflamado. A inflamação modifica o comportamento das células favorecendo sua multiplicação e consequente crescimento do tumor.

A recomendação da Word Cancer Research Fund (WCRF/IARC) e do INCA/BRASIL é de que pacientes sobreviventes do câncer gerenciem o seu peso, procurem um profissional da saúde para auxiliá-lo nesse gerenciamento por meio da prática de atividade física e consumo alimentar saudável, o que implica em mais produtos in natura e menos produtos industrializados.

 
Profa. Dra. Sara Moreira
Curso de nutrição e Programa de Pós-graduação em Nutrição e Saúde (PPGNS/UECE)
Coordenadora do Grupo de Estudos em Nutrição Oncológica (GENO/ UECE) @grupogeno